O evento será realizado em Curvelo e conta com parcerias das secretarias de Desenvolvimento Econômico e de Turismo
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) programou, para os períodos de 21 a 25 de maio e de 28 a 31 de maio, em Curvelo, na região Central do Estado, duas oficinas que visam promover a integração e a socialização de conhecimentos e experiências nas áreas de artesanato e turismo rural. O evento, que tem as parcerias das secretarias de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) e de Turismo (Setur), além da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e da Cooperativa Dedo de Gente, de Curvelo, será dirigido a 70 extensionistas, entre técnicos locais e coordenadores regionais e estaduais da Emater-MG.
Responsável pela organização do evento, a coordenadora técnica estadual das áreas de Artesanato e Turismo rural, Cléa Venina, falou da importância dessa capacitação para os profissionais técnicos da empresa. “Esta é uma ação muito importante para prepararmos melhor os grupos de artesãos agricultores familiares, visando a um melhor alcance de mercado, com ampliação de postos de trabalho, ocupação e melhoria da renda. Queremos melhorar a qualidade de vida desse segmento rural sem perder de vista o respeito ao meio ambiente e às tradições da cultura local”, explicou.
Para a coordenadora técnica, a realização dos jogos da Copa do Mundo de 2014 no Brasil também justifica a necessidade de preparar mais os agricultores familiares envolvidos nessas duas atividades. “A proximidade dos jogos da Copa 2014 traz a possibilidade de abertura de novos mercados para o artesanato e o turismo rural mineiros. Por isso a preparação desses grupos produtivos é de grande valia. Nosso papel é orientar para uma produção com melhor qualidade e buscar junto a esses grupos novas possibilidades de mercado”, disse.
A coordenadora técnica regional de Diamantina, Claudete Maria Souza e Costa, que acompanha projetos de incentivo ao turismo rural vinculados à produção artesanal em comunidades do município e da região, reforça os argumentos de Cléa Venina. Ela afirma que a Emater-MG já atua no sentido de preparar os agricultores familiares para o maior evento do futebol mundial. “Participamos do conselho do Circuito Turístico dos Diamantes, composto por 13 municípios da região, que tem como estratégia desenvolver ações integradas de roteiro e de divulgação com outros circuitos, como o Circuito da Serra do Cipó. A intenção é viabilizar o fluxo de turistas, durante os jogos”, explica.
Diamantina
Entre os temas a serem tratados nas oficinas de Curvelo, será destaque a apresentação de casos de sucesso de turismo comunitário da regional de Diamantina. Uma das iniciativas acontece desde 2008 na comunidade rural de Vau. Ela envolve cerca de 55 famílias locais atendidas pelo Programa de Turismo em Comunidade Rural. O programa é assistido pela Emater-MG e pelo Centro Vocacional Chica da Silva. No local, produtores de doces, quitandas, conservas e artesanato de fibra de bambu recebem apoio e orientação em gestão, qualificação, organização e comercialização dos produtos da comunidade. De acordo Claudete Maria, o resultado tem sido uma melhoria na renda dos moradores da comunidade que puderam adquirir mais equipamentos para incrementar a produção. “Eles comercializam a produção na Vila Real, um espaço com loja dos produtos tradicionais, salão de convivência, acesso à internet, nas margens da Estrada Real”, conta.
Outro trabalho desenvolvido pela Emater-MG na perspectiva da vocação turística da região de Diamantina, é promovido na comunidade de Cuiabá, no município de Gouveia. É o projeto Turismo de Vilarejo, que, de acordo com Claudete Maria, beneficia mais de 50 famílias de agricultores locais. “Entramos no processo este ano e estamos apoiando o 2º Festival de Comidas Típicas de Gouveia, que será realizado de 25 a 27 de maio”, informa. Ela acrescenta que a empresa faz parte da comissão organizadora do evento, apoiando a divulgação e a articulação junto a outras instituições para captação de recursos. “Além de Diamantina ser patrimônio cultural da humanidade, esta é uma região de grandes atrativos na natureza, como grutas, cachoeiras, rios, matas e parques. O nosso objetivo é inserir os agricultores no processo de desenvolvimento rural sustentável”, justifica.
ICMS diferenciado para artesãos
A capilaridade da Emater-MG, presente em 788.municípios do Estado, será uma importante aliada na implantação de uma política pública de apoio mais abrangente para o artesanato mineiro, a partir de um diagnóstico sobre o real alcance da atividade. A constatação é da diretora de Desenvolvimento do Artesanato da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Patricia Miranda, que ministrará uma palestra nas oficinas de Curvelo para falar sobre a tributação do artesanato produzido em Minas. “Hoje, a capilaridade da Emater-MG é uma ferramenta e tanto para mensurar o universo de artesãos no Estado”, ressalta.
A diretora da Sede vai explicar aos 70 extensionistas participantes do evento sobre o regime diferenciado de ICMS para os artesãos. Segundo ela, pelo novo regime “o artesão, ao fazer a venda de seu produto, em vez de pagar de 12% a 18%, conforme o Simples Nacional, ele pagará apenas a alíquota de 7%, sendo que, na verdade, ele arcará com 3% e o governo estadual, 4%”. De acordo com Patrícia, a condição para que o artesão possa usufruir desse regime é ser representado ou vinculado à cooperativa ou associação. “Não pode ser pessoa física”, salienta. Miranda calcula que existam mais de 20 mil artesãos no Estado. “Algumas publicações falam em 20 mil, mas ainda acho pouco, pois existem aqueles que fazem alimentos artesanais”, argumenta.